domingo, 22 de novembro de 2009

O (grande) encontro.

De longe eu o avistei. Continua com o mesmo rosto de anos atrás. Acredito que ele tenha notado minha presença naquele ponto de ônibus quase lotado. Me sentei um tanto longe, e me mantive olhando para o lado esquerdo, para não correr nem o risco de olhar para ele. Alguém, com muita velocidade sentou do meu lado, me assustei e fui resgatada dos meus pensamentos, olhei para o lado, não, não era ele, pelo contrário, era um homem de meia idade, com roupas levemente sujas e com uma cara suspeita, meu coração disparou e senti um certo medo. Fui salva. Não, não por ele. Meu ônibus chegou, subi e logo atás veio um rapaz com os cabelos muito compridos. E lá teria acabado aquele nosso quase encontro se não fosse o maior detalhe, ele subiu no mesmo ônibus que eu. Sentei em um banco que tinha um lugar vago do lado e que também tinha dois lugares vagos de frente. Quando o vi subir a escada e pagar o motorista disfarcei e olhei para os lados pra não dar a deixa de receber e ter que retribuir um sorriso tímido e que consequentemente o faria se sentar ao meu lado. Enfim, ele não sentou, pelo contrário, se sentou logo de frente pra mim. Enfiei a cabeça na mochila e peguei meu celular e meus fones, uma forma de fugir, não tenho culpa de ser tão covarde, mas quando eu levantei a cabeça ele mantinha aquele olhar fixo, e olhava justamente para mim, sorri e ele falou um oi meio sem graça, respondi um 'e ai?' meio descolado (que depois me causou muuuita vergonha)ele respondeu com um sorriso e antes que se prolongasse uma conversa coloquei os fones. No fundo eu queria passar um tempo conversando com ele, mas no fundo eu sentia muito medo, medo do que eu podia sentir. Alguns anos atrás estudavamos juntos, eramos muito amigos e muito apegados, viviamos conversando pela escola e minhas amigas insistiam em dizer que fariamos um casal lindo. Confesso que eu achava-o lindo, com uma cara de nenem que me dava uma vontade de apertar e eu lá tinha meu valor. Eu não era apaixonada por ele, mas gostava da companhia dele. Um dia, não sei por que motivo a gente se beijou, na escada da escola, como duas crianças, sem nenhum tipo de malicia. Não posso dizer se aquele beijo foi bom ou ruim, só afirmo que foi estranho. Eu estava beijando meu amigo, e naquele momento eu percebi que ele era só meu amigo. Não sei se ele estava apaixonado por mim e por isso se distanciou, ou se eu senti tanta vergonha do que eu fiz que eu mesma me distanciei dele, só sei que depois daquele dia fomos nos falando cada vez menos. O ano acabou, mudamos os dois de escola, para escolas distintas. Definitivamente cada um pro seu lado. Nos falamos mais umas três vezes no novo ano, mas as conversas foram sempre iguais e sem essencia. E acho que hoje eu preferi só guardar as lembranças da nossa boa época do que me martirizar com mais uma daquelas conversas, novamente sem essencia. Naquele ônibus fugi de todos seus olhares e desci, por coincidência no mesmo ponto que ele. Me despedi de longe mandando um beijo. Ele perguntou se eu estava morando por lá, respondia andando que sim, 'naquela rua' e apontei, ele me apontou sua rua e partiu.

Um comentário:

Simone Nascimento disse...

Perfeito! que texto maravilho!
me empolgava mais a cada vez que lia dele mais um parágrafo!
arrazou!

e não suma mais desse blog amiga, gosto dele!

texto fantástico! juro que até hoje foi o mais perfeito que eu li aqui!.-.