segunda-feira, 1 de março de 2010

Agora eu sei

Com essa quase idade nas costas sentia que muita coisa deveria mudar. Decisões.
Conclusões.
Algumas pessoas realmente são para sempre, talvez não o sempre clichê mas aquele onde o que importa são as lembranças e a presença de espírito. Algumas você se sente na obrigação de ajudar, de salvar de um mundo avesso que ela mesma criou para fugir desse que pode ser um mundo mal interpretado. Outras são como as borboletas, aparecem, encantam e se pousam em você, te trazem sei lá quantos anos de sorte, mas partem, e levam consigo inclusive o carinho que deveria restar; Não as julgue mal, são da vida e do vento, foram criadas para vir e ir. Existem também aquelas que são como parentes de sangue, você considera e confia, mas por obra do destino saem repentinamente de sua vida e não deixam nada, nem mesmo um vazio, vão e é como se nunca tivessem vindo.
Tive que aprender a lidar com cada uma dessas, e muitas borboletas voltaram e resolveram ficar no meu jardim.

domingo, 22 de novembro de 2009

O (grande) encontro.

De longe eu o avistei. Continua com o mesmo rosto de anos atrás. Acredito que ele tenha notado minha presença naquele ponto de ônibus quase lotado. Me sentei um tanto longe, e me mantive olhando para o lado esquerdo, para não correr nem o risco de olhar para ele. Alguém, com muita velocidade sentou do meu lado, me assustei e fui resgatada dos meus pensamentos, olhei para o lado, não, não era ele, pelo contrário, era um homem de meia idade, com roupas levemente sujas e com uma cara suspeita, meu coração disparou e senti um certo medo. Fui salva. Não, não por ele. Meu ônibus chegou, subi e logo atás veio um rapaz com os cabelos muito compridos. E lá teria acabado aquele nosso quase encontro se não fosse o maior detalhe, ele subiu no mesmo ônibus que eu. Sentei em um banco que tinha um lugar vago do lado e que também tinha dois lugares vagos de frente. Quando o vi subir a escada e pagar o motorista disfarcei e olhei para os lados pra não dar a deixa de receber e ter que retribuir um sorriso tímido e que consequentemente o faria se sentar ao meu lado. Enfim, ele não sentou, pelo contrário, se sentou logo de frente pra mim. Enfiei a cabeça na mochila e peguei meu celular e meus fones, uma forma de fugir, não tenho culpa de ser tão covarde, mas quando eu levantei a cabeça ele mantinha aquele olhar fixo, e olhava justamente para mim, sorri e ele falou um oi meio sem graça, respondi um 'e ai?' meio descolado (que depois me causou muuuita vergonha)ele respondeu com um sorriso e antes que se prolongasse uma conversa coloquei os fones. No fundo eu queria passar um tempo conversando com ele, mas no fundo eu sentia muito medo, medo do que eu podia sentir. Alguns anos atrás estudavamos juntos, eramos muito amigos e muito apegados, viviamos conversando pela escola e minhas amigas insistiam em dizer que fariamos um casal lindo. Confesso que eu achava-o lindo, com uma cara de nenem que me dava uma vontade de apertar e eu lá tinha meu valor. Eu não era apaixonada por ele, mas gostava da companhia dele. Um dia, não sei por que motivo a gente se beijou, na escada da escola, como duas crianças, sem nenhum tipo de malicia. Não posso dizer se aquele beijo foi bom ou ruim, só afirmo que foi estranho. Eu estava beijando meu amigo, e naquele momento eu percebi que ele era só meu amigo. Não sei se ele estava apaixonado por mim e por isso se distanciou, ou se eu senti tanta vergonha do que eu fiz que eu mesma me distanciei dele, só sei que depois daquele dia fomos nos falando cada vez menos. O ano acabou, mudamos os dois de escola, para escolas distintas. Definitivamente cada um pro seu lado. Nos falamos mais umas três vezes no novo ano, mas as conversas foram sempre iguais e sem essencia. E acho que hoje eu preferi só guardar as lembranças da nossa boa época do que me martirizar com mais uma daquelas conversas, novamente sem essencia. Naquele ônibus fugi de todos seus olhares e desci, por coincidência no mesmo ponto que ele. Me despedi de longe mandando um beijo. Ele perguntou se eu estava morando por lá, respondia andando que sim, 'naquela rua' e apontei, ele me apontou sua rua e partiu.

sábado, 17 de outubro de 2009

O contrato

Combinamos que não era amor. Escapou ali um abraço no meio do escuro. Mas aquilo ali foi sono, não sei o que foi aquilo. Foi a inércia do amor que está no ar mas não necessariamente dentro de nós.
A gente foi ao cinema, coisa que namorados fazem. Mas amigos fazem também, não? Somos amigos. Escapou ali um beijo na orelha e uma mão que quis esquentar a outra. Mas a gente correu pra fazer piadinha sexual disso, como sempre. E a orelha ouviu uma sacanagem qualquer, e a mão se encaixou ali no meio das minhas pernas.
Você me chamou de amor ontem, enquanto a gente transava. Eu quis chorar. Mas também quis rir muito da sua cara. Acabei só esquecendo isso. Talvez o ''mô'' que você murmurou seja porque, no dia anterior, naquela mesma cama, você tenha comido alguma ''Mônica''. Prefiro pensar assim. Se eu for muito, mas muito escrota, talvez eu me proteja de me assustar muito. Caso você seja escroto. Eu sendo de pedra não quebro com a sua pedra. Sei lá.
Aí teve aquela cena também. De quando eu fui te dar tchau só com a minha manta branca e o cabelo todo bagunçado. E você olhou do elevador e me perguntou: não tô esquecendo nada? E eu quis gritar: tá, tá esquecendo de mim. E você depois perguntou: não tem nada meu aí? E eu quis gritar: tem, tem eu. Eu sempre fui sua. Eu já era antes mesmo de saber que você um dia não ia me querer.
Mas a gente combinou que não era amor. Você abriu minha água com gás predileta e meu sabonete de manteiga de cacau. E fuçou todas as minhas gavetas enquanto eu tomava banho. E cheirou meu travesseiro pra saber se ainda tinha seu cheiro Ou pra tentar lembrar meu cheiro e ver se ele ainda te deixa sem vontade de ir embora. Mas, ainda assim, não somos íntimos. Nada disso. Só estamos aqui, reunidos nesse momento, porque temos duas coisas muito simples em comum: nada melhor pra fazer e vontade de fazer sexo.
Só isso. É o que está no contrato. E eu assino embaixo. Melhor assim. Muito melhor assim. Tô superbem com tudo isso. Nossa, nunca estive melhor. Mas não faz isso. Não me olha assim e diz que vai refazer o contrato. Não faz o mundo inteiro brilhar mais porque você é bobo. Não faz o mundo inteiro ficar pequeno só porque o seu chapéu é muito legal. Não me deixa assim, deslizando pelas paredes do chuveiro de tanto rir porque seu cabelo fica ridículo molhado. Não faz a piada do vampiro só porque você achou que eu estava em dias estranhos. Não transforma assim o mundo em um lugar mais fácil e melhor de se viver. Não me faz ser assim tão absurdamente feliz só porque eu tenho certeza absoluta que nenhum segundo ao seu lado é por acaso.
Combinamos que não era amor, e realmente não é. Mas, esse algo que é, é realmente muito libertador. Porque, quando você está aqui, ou até mesmo na sua ausência, o resto todo vira uma grande comédia. E aquele cara mais novo, e aquele outro mais velho, e aquele outro que escreve, e aquele outro que faz filme, e aquele outro divertido, e aquele outro da festa, e aquele outro amigo daquele outro. E todos aquele outros viram formiguinhas de nariz vermelho. E eu tenho vontade de ligar pra todos eles e falar: putz, cara, e você acha mesmo que eu gostei de você? Coitado.
Adoro como o mundo fica coitado, fica quase, fica de mentira, quando não é você. Porque esses coitados todos só serviram pra me lembrar o quão sagrado é não querer tomar banho depois. O quão sagrado é ser absurdamente feliz mesmo sabendo a dor que vem depois. O quão sagrado é ver pureza em tudo que você faz, ainda que você faça tudo sendo um grande safado. O quão sagrado é abrir mão de evoluir só porque andar pras trás é poder cruzar com você de novo.
Não é amor, não. É mais que isso, é mais que amor. Porque, pra te amar mais, eu tenho que te amar menos. Porque, pra morrer de amor por você, eu tive que não morrer. Porque, pra ter você por perto um pouco, eu tive que não querer mais ter você por perto pra sempre.
E eu soquei meu coração até ele diminuir. Só pra você nunca se assustar com o tamanho. E eu tive que me fantasiar de puta, só pra ter você aqui dentro sem medo. Medo de destruir mais uma vez esse amor tão santo, tão virgem. E eu vou continuar me fantasiando de não-amor, só pra você poder me vestir e sair por aí com sua casca de não-amor.
E eu vou rir quando você me contar das suas meninas, e eu vou continuar dizendo ''bonito carro, boa balada, boa idéia, bonita cor, bonito sapato''. E eu vou continuar sendo só daqui pra fora. Porque, no nosso contrato, tomamos cuidado em escrever com letras maiúsculas: NÃO EXISTE NINGUÉM AQUI DENTRO.
Mas quando, de vez em quando, o seu ninguém colocar ali, meio sem querer, a mão no meu joelho, só para me enganar que você é meu dono. Só para fingir pro cara da mesa ao lado que você é meu dono. Eu vou deixar. Vai que um dia você acredita.

Texto te Tati Bernardi retirado do livro ''Tô com Vontade de uma Coisa que eu não sei o que é''

domingo, 20 de setembro de 2009

Cedo demais para ensinar , tarde demais para aprender
amar, poucos sabem , muitos esquecem
lembram, que amar não é só dar risada
faz chorar lágrimas de inestimavel sofrimento
lembrar que amar é a força da união e não
da separação, entender, que além de tudo
amar, é nadar , mergulhar num mar de profundas emoções
e que a pureza disso se encontra nas coisas feitas sem razão
mas pensando emocionalmente, vários mergulhos sem fim.

Achei perdido no meu computador, não sei quem escreveu, mas não parece ter sido eu. enfim.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Erros ou acertos.

Ela jurava que conhecia todo mundo, que entendia todo e qualquer passo que as pessoas davam, mas mesmo assim ela se perdia as vezes e achava que não conhecia ninguém
Mas uma pessoa ela tinha certeza que conhecia, ele. Sabia que aquilo tudo que ele dizia sentir era só 'fogo de palha' ou só uma necessidade incrivel de fuga. Mas mesmo assim ela se entregou, culpa do seu coração nada racional, enfrentou barreiras e sofreu por muitas vezes mas foi o porto seguro dele, deixou que ele fugisse para o seu colo quando isso ainda era dificil, e ela num se arrepende disso.
Só que hoje ele não precisa mais fugir, ele não quer mais fugir, e por isso tudo que ele dizia sentir por ela não precisa mais ser dito, todo aquele 'amor' que ele aquecia e fazia ela alimentar hoje ela percebe que foi só algo conveniente pra situação.
É... se ela tivesse seguido sua intuição teria sofrido menos e se iludido menos.
Mais um tombo para a história dela. Mas a vida é assim. Pessoas sonhadoras vivem lá no alto, pertinho do céu, onde a possibilidade de queda é muito maior. É um risco, e ela aceita isso.
Ela aprenderá a viver com esse sentimento, e com o tempo ela vai superar tudo isso sem mágoa nenhuma.
Dela ele perdeu muita coisa, inclusive a confiança e entrega. Nem que ele se mostre arrependido, a menina que ele teve ele nunca mais terá.